Os Cuidados da Ordem
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Entre muita literatura
especializada, multidisciplinar e conhecida (tratados, teses, artigos, ensaios
académicos, guidelines
técnico-científicas etc.), numa obra publicada pelo Ministério da Saúde (Cuidados Intensivos: Recomendações para o
seu desenvolvimento, Lisboa, 2003), logo de início vem acentuado que nos
últimos anos se assistiu ao “aparecimento e desenvolvimento de uma das áreas
mais marcantes” da Medicina, fruto de um “excepcional desenvolvimento (...) não
só na área da fisiopatologia e terapêutica, mas também das tecnologias utilizadas”...
– E sendo que aquela área
“diferenciada e multidisciplinar” (isto é, a Medicina Intensiva) – abordando especificamente a prevenção,
diagnóstico e tratamento de doentes em “condições fisiopatológicas que ameaçam
ou apresentam falência de uma ou mais funções vitais, mas que são
potencialmente reversíveis” – tem a mesma como objectivo principal suportar e
recuperá-las, de molde a “criar condições para tratar a doença subjacente e
(...) proporcionar oportunidades para uma vida futura com qualidade” (para tal
havendo necessidade de “concentrar competências, saberes e tecnologias em áreas
dotadas de modelos organizacionais e metodologias que as tornem capazes de
cumprir aqueles objectivos”).
Ora no Hospital de Angra do
Heroísmo, actual Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), ao longo
de vários anos – e fundamentalmente por mérito pessoal e sob a competente e
esforçada liderança do reformado e saudoso Dr. João Leal e da sua formada
equipa de Enfermeiros –, também foi pensada, estruturada, equipada e operacionalizada,
praticamente de raiz, uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), cuja integral excelência médica, clínica e
social foi sempre reconhecida a todos os níveis e em todos os Serviços internos daquele Hospital
açoriano (e bem assim ainda externa e
institucionalmente, desde entidades político-governamentais regionais e
nacionais até ao Vaticano...).
Acontece porém que a Ordem dos Médicos (OM), através do seu CRS (Conselho Regional do Sul) – porque certamente (?) terá monitorizado todas as valências e pendências da actual dita UCI (e também o contraditório das mesmas?), chegou-se no passado dia 26 à mesa das operações em curso jurídico (condicionando-as objectivamente?) para garantir que tudo por ali decorre segundo “as técnicas mais avançadas desta especialidade e funciona neste momento (sic) com a tranquilidade desejável e o empenho total da equipa médica”, sublinhando até, um pouco sibilinamente, que há uma “crescente adaptação a novos métodos” (sic) e – veja-se lá... – mais informando e garantindo que os pacientes tratados na UCI do HSEIT “não correm quaisquer riscos relacionados com má prática, falta de empenho ou má organização e que a Medicina evolui à velocidade própria (sic) dos nossos tempos (sic) e que essa nova Medicina (sic) favorece os doentes”!
– Todavia agora, nestes infaustos últimos novos tempos (e “métodos”!?), essa notável herança e a sua imagem tem vindo a ser contaminadas por uma série de ocorrências que não revelam sanidade nem a ninguém prestigiam, como se tem visto na entubada série de imbróglios, contágios e meandros que a devido prazo e modo foram sendo denunciados, vieram a público nos OCS e presentemente estão mesmo sob a devida alçada do Ministério Público!
– O que se pergunta, apenas por
hoje – para além da assumida solidez,
da sistematicidade segura e crítica das garantias (corporativa e unilateralmente?) dadas, e da aparentemente arrogada
e extemporânea invasão dadivosa (e potencialmente condicionante?!) do campo ainda em aberto na Justiça –, é qual será o alvo material e/ou
técnico-médico, ultrapassado por defeito (?), pela veloz “nova Medicina” a
que agora se refere a célere sentença
deste CRS da respeitável Ordem dos Médicos...
Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 03.02.2015). Versão final:
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Primeira edição em Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2821:
RTP-Açores:
Outra versão em "Diário Insular"
(Angra do Heroísmo, 31.01.2015):
RTP-Açores:
Outra versão em "Diário Insular"
(Angra do Heroísmo, 31.01.2015):