As Corridas Demenciais
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A opinião pública açoriana
durante esta semana foi tremendamente agitada por uma série de factos e
acontecimentos mediaticamente muito relevados e justamente dignos de registo e
sinalização, que – no seu conjunto (bem mais integrado e afinal interligado do
que à primeira vista possa parecer, e por tudo aquilo que assim directa ou
indirectamente os liga e revela de um grave
estado de espírito e de toda uma preocupante
realidade regional...) – deveriam constituir motivo de urgente e profunda reflexão a todos os níveis!
– Referimo-nos obviamente à
polémica que estalou a propósito de um repugnante
projecto de “Decreto Legislativo Regional” visando regulamentar
espectáculos tauromáquicos; às reacções inter-insulares, especialmente provindas
de S. Miguel (v.g. pelas reincidentes e paradigmáticas judiações de Mário
Fortuna a propósito do “Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira”), e às
patéticas e sucessivas tomadas de posição político-institucionais, partidárias
e pessoais sobre a Base das Lajes.
Ora se as primeiras assentam numa
inadmissível tentativa (denunciada quanto baste, embora sub-reptícia...) de
atropelo a valores e heranças civilizacionais humanistas e a princípios
político-jurídicos, histórico-culturais, filosóficos e éticos (quando não até
morais!), já as segundas caíram na mais pantanosa esfera dos antagonismos de
interesse e na mais descoordenada e envenenada atmosfera que desde há anos vem
minando, desacreditando e destruindo a própria viabilidade e a justificação da
Autonomia dos Açores tal como o seu vigente modelo a configura!
– Todavia, no meio desta demencial corrida societária em direcção
ao abismo, talvez mereçam, apesar de tudo, menção honrosa, em alternativa e em oposição àquelas manifestações de decadência e apodrecimento, outras nobres tomadas de posição que podem ser
sinal de que a vida açoriana não chegou (pelo menos por enquanto...) a um ponto de não-retorno à dignidade da nossa
antiga memória colectiva e às históricas aspirações do Povo das nove ilhas do
nosso comum Arquipélago.
E se essa racional e autêntica
tradição (feita de sofrimentos, afectos e esperança também!) conseguir resistir às forças contrárias,
pode ser que nem tudo esteja ainda perdido de vez...
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Azores Digital:
RTP-Açores:
e “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 07.02.2015):