Luminárias do CDS e de PP
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O 41.º Aniversário do CDS, que
por estes dias se festejou, deu mais para
que o seu melífluo líder, Paulo Portas (PP), encenasse discursos e concedesse
entrevistas sobre o partido onde manda, e
menos para balanço crítico do significativo papel nacional e regional (com outros líderes, que o actual regente sempre menorizou!) que o CDS cumpriu nas
sucessivas e correlatas viragens que a nossa Democracia sofreu...
– De resto mais ajudou esta
efeméride a que PP andasse por aí, de estúdio em arraial, debitando lugares
comuns, repetindo banalidades, trazendo à fala expressões dúbias ou que
ganharam foro e codificação na gíria, amiúde vazia, equívoca ou dissimuladora, que preenche o espaço público-mediático
do País, de (quase) todos os partidos e suas classes ou clientelas em geral, e do
CDS-PP de modo particular.
E dessa retórica, ora presumida ora sacrificial e
de martirológio, lá se ouviram persuasões
e auto-convencimentos (“construtor de maiorias”; “arco da governabilidade”; “arco
constitucional de 1976 demasiado ideológico e socializante”; “dádiva cívica”;
“sereno povo que se revê no centro-direita e na direita democrática”; “dar a
cara, partilhar responsabilidades e correr riscos nas horas mais difíceis”, “horas
de maior emergência”, “circunstâncias em que Portugal mais precisava”; “verdadeira
alternância”, etc., e até – para além de uma improvisada e incipiente
trouxa “filosófica” com Aristóteles... –, um ressuscitado “personalismo
cristão para a construção do progresso”...
Fundado em 19.07.1974 por um grupo que abrangia democratas-cristãos,
conservadores e liberais (v.g. Freitas do Amaral, Amaro da Costa, Basílio
Horta, Sá Machado e Xavier Pintado), o CDS foi desde então tendo uma crescente,
conquanto não linear, importância na
vida político-partidária, parlamentar e governativa portuguesa, bem marcada
pelas trajectórias e dinâmicas conjugadas
de todos os partidos, movimentos e restantes corpos da nossa sociedade, a par,
naturalmente, de muito diferentes e sucessivos percursos estratégicos,
reformulações identitárias e estilos de liderança (Freitas do Amaral, Lucas
Pires, Adriano Moreira, Manuel Monteiro, Ribeiro e Castro, e PP).
Todavia – como aqui salientei
anteriormente –, na criação deste partido, a par de Freitas do Amaral, foi a Adelino
Amaro da Costa que coube desempenhar um papel nuclear na orientação ideológica e estratégica do primeiro CDS, dando-lhe uma original feição “centrista” e democrata-cristã, e reclamando-se mesmo
de inspirações recebidas do “humanismo personalista” de Mounier – identicamente
partilhadas por largas faixas do recém-criado PPD (06.05.1974) de Francisco Sá
Carneiro e em parte significativa decorrentes da excepcional e talentosa influência directa do próprio Amaro da Costa (membro do Opus Dei).
– E também nos Açores é justo
relembrar hoje todos os empenhos e trabalhos dos centristas e
democratas-cristãos do CDS, agora dirigido por Artur Lima, que – desde aquele
Memorando (30.12.1975) de contra-posição crítica ao Ante-projecto de Estatuto Político-Administrativo elaborado pela
Junta Regional, e depois, passando pelas pioneiras Legislaturas (1976-80, 80-84
e 84-88), então com destaque e méritos
para Rogério Contente, Fernando Monteiro, Rui Meireles e Alvarino Pinheiro
(deputado entre 1984 e 2006, e incansável impulsionador do relançamento,
consolidação eleitoral e credibilização do CDS-PP no Arquipélago) – até hoje,
tem um passado de consideráveis
contributos para a construção e
defesa da Autonomia e para o prestígio das instituições insulares.
Ora inserida noutras e mais
actuais lembranças nacionais centristas, para comemoração deste 41.º
Aniversário da fundação do CDS, teve também lugar em Lisboa uma luminosa sessão
nocturna no Largo Amaro da Costa (recomposto pela câmara socialista lisboeta e actualmente
interdito a carros, com pavimento novo, duas árvores numa das extremidades,
bancos de jardim e com ilustrado chão onde podem ler-se máximas de Amaro da
Costa apuradas por Ribeiro e Castro, Rosário Carneiro e Freitas do Amaral...).
– Justa, legítima, merecida e
avalizada evocação esta, portanto! Mas o que não se tolera é que PP, de peito
aberto, se tenha aproveitado disto tudo para – só anteontem e invocando uma inócua
condição “institucionalista” –, vir fazer fúteis juras sobre o seu (afinal...) infrutífero, inconsequente,
improfícuo e gratuito conhecimento (?) dos Relatórios
comprovativos (e por ele mal contados...) do
real assassinato de Amaro da Costa e Sá Carneiro!
De facto, sobre esta questão
criminal como aqui salientei há poucas semanas, o Relatório da X Comissão
Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate (procedendo a uma análise
de questões fulcrais que envolveram o Fundo Militar do Ultramar, as Forças Armadas
(CEMGFA), a exportação e comércio de armas e o manuseamento de fundos, etc.,
até às mortes de José Moreira e Elisabete Silva), é um documento insofismável e determinante que, retomando “um trabalho
exaustivo por parte da Assembleia da República nas últimas três décadas” e
depois de reiterar “os principais factos apurados pelas Comissões de Inquérito
– designadamente a renovação das conclusões e, em particular, as das V, VI e
VIII Comissões de Inquérito” – procede a uma detalhada revisão e contextualização
histórico-institucional e testemunhal de todo este caso (de certa maneira ainda pendente ou adiado...), porém salientando logo de início que a respectiva
investigação “não se debruçou exaustivamente sobre questões técnicas nem sequer
sobre a discussão acidente vs. atentado, [porquanto] dá-se por concluído e provado de forma inequívoca, na senda das
últimas Comissões, que se tratou de um
atentado. Não se tendo apurado nada
de novo neste campo, a X CPITC não deixou de ouvir dois depoimentos que, de forma categórica, reiteram que a
queda do Cessna que levava, entre outros, o Primeiro-Ministro e o Ministro da
Defesa, se deveu a um atentado”!
– Assim sendo, depois das ditas
evocações deste 41.º Aniversário do CDS, veremos até onde é que chegará a coerência e a coragem (para além da tal confusa e ambígua “moderação”
aristotélica que PP alegou em expedito desbarato, dando-se ares, pouco
convincentes aliás, de pensador erudito e de estadista, o mesmo que redigiu uma
tal famosa lengalenga para “Reforma do Estado”...) –, ali perante uma dignidade outra apenas emprestada pelo
Prof. Adriano Moreira e pelo Dr. José Ribeiro e Castro, num cenário de azulada
luminotecnia e quase à boca de cena das próximas campanhas, luminárias fátuas e
feiras eleitorais, tão apropriadas e validas ao nosso frenético Paulinho delas...
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Em “Diário dos
Açores” (Ponta Delgada, 25.07.2015):
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e Azores Digital: