sábado, agosto 01, 2015


Os Procuradores da Política
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Não há muito tempo – embora a história venha do século passado, quando a maioria da actual turma de rapazes e raparigas mandantes da política nacional, regional e local ainda (ou já, conforme...) andava de fralda, de bibe ou gatinhando nos jardins e antecâmaras de infância e juventude –, que era comum ouvirmos e também usarmos nas sessões então ditas “de esclarecimento” e nos comícios partidários uma sugestiva e pedagógica imagem, com a qual tentávamos provocar e ajudar a reflexão pública e privada dos eleitores sobre as suas possíveis opções e varridelas em escorregadios terrenos de voto...


 – E desse modo, em jeito de esforçado discurso formativo das consciências e proposta auxiliar da prudência a haver nos juízos cívicos (quando não até na moralização dos costumes e das práticas institucionais), era habitual fazer-se uma comparação entre quem os cidadãos deveriam escolher para seus representantes políticos e quem, hipoteticamente, nomeariam, ou em quem confiariam, para seus procuradores e reais zeladores, de maneira a que, mandatados para esse fim e em lugar (provisório) dos legítimos detentores de um qualquer  bem seu e dos seus bens, cuidassem do bom governo dele(s), ou seja, dos respectivos valores, patrimónios e interesses pessoais, familiares e sociais.

Ora essa mensagem, pese embora a sua muito simples estrutura de significação, era amiúde perfeitamente entendida por muitos no seu profundo conteúdo social e ético, por mais diferentes que fossem, ou quantos mais fossem, os delegantes potenciais e os putativos candidatos ou delegatários das coisas ali em delegação séria, – analogia feita, ao final de contas e como sugerido, por maioria de razão, com o que se deveria exigir aos agentes e actores sociais quando investidos de representação política!

E logo assim a conclusão, para o senso comum – sem ser preciso aprofundar muito a boa Ética e a sã Filosofia que lhe estão subjacentes – era bem clara, como imediatamente também hoje vale e distintamente se percebe:

– Quem não serviria para nosso procurador pessoal, também não prestaria para nosso representante a votar em Eleições! 

Promissor tema este, sem dúvida, e em adequada ocasião para recomeçarmos a olhar para as listas que as máquinas partidárias (a mando de alguns dos tais antigos infantes e novos compadres e comadres regentes desta pobre “democracia” caseira) nos vieram já barganhar à porta, patinando na mais atrevida prosápia e no pressuposto (às vezes infelizmente verdadeiro!) de que somos gente sem memória e sem entendimento, que nem para ser esclarecida e defendida se mobiliza e presta, – tão amorfa e voluntariamente se deixou moldar, e que tão cegamente poderá tornar a escolher, a seu traslado, os procuradores da sua própria ruína histórica, da sua menoridade mental e da sua continuada exploração sistemática, para lucro calculado e impunidade festiva de uns poucos...
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Em “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 01.08.2015):






























e RTP-Açores:






























Outra versão em “Diário Insular”,
Angra do Heroísmo, 01.08.2015):