sábado, julho 11, 2015



O Escrutínio e as Redes
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Com o avizinhar das Eleições – desde as Legislativas às Presidenciais (estas inevitavelmente em movediço fundo e decisiva perspectivação, tanto mais quanto os campos e os jogos estão a abrir-se nomeadamente com a proliferação de hipotéticas candidaturas à direita e à esquerda, mas acima de tudo com as ratoeiras e alçapões que o PS vai cavando todos os dias à volta de um desprevenido Sampaio da Nóvoa!) –, começa a surgir e adensar-se nos OCS e nas Redes Sociais toda uma série de informações, insinuações e factos sobre os principais (ou hipoteticamente mais relevantes), imediatos ou futuros protagonistas desse cíclico calendário democrático (e outrossim também fabuloso teatro societário) onde, por entre díspares e contraditórios feitos de verdadeira e consciente Democracia, coabitam e se digladiam realidades e ficções, discursos, mitos e outras réplicas ou simulacros daquela ideal (ou somente idealizada...) forma de organização política e funcionamento do Estado, com os correspondentes modelos de participação (ou de alienação) dos cidadãos na vida das suas comunidades.

                                                                                          Foto: António Araújo

 Ora na conjuntura das presentes pré-campanha e da já efectiva campanha eleitoral – com a natural e progressiva repercussão que as mesmas vem tendo naqueles meios de comunicação e circulação de opiniões, e no proliferante espaço público e privado das ditas malhas sociais que o partidarismo aguda tece... –, o que se vem notando às vezes é uma crescente atenção ao perfil, história e currículos (nalguns casos mais comparáveis a pouco abonatórios cadastros; noutros absolutamente idênticos a puros vazios de folha política...), não só dos candidatos (ou putativos concorrentes), quanto ainda dos interesses e malabarismos dos aparelhos corporativos e ideológicos que a tal alinhada condição os atrelou ou anexou... 

– De resto, é isso o que se constata face ao tipo de referências e ao género de perturbadores elementos que (re)começam a ser escavados e arremessados, por exemplo, ao presidente do PS, Carlos César (a propósito da “Globestar Systems”), e ao seu partido também relativamente a alegados mas coincidentes e fatídicos aparelhismos clientelares, governamentais ou tutelados pelas várias secretarias, pessoais e familiares (aliás minuciosamente já organogramados nos Açores), sem sequer ser preciso chegarmos à conspurcada herança desse eborense recluso 44 que persiste em atravancar ou enlamear os pés e as mãos dos “socialistas”... –, ou então, noutro quadrante do simétrico arco dito “da governação”, ao revermos as críticas aos “sociais-democratas” de Passos, Durão e Cavaco, ou chegarmos, aqui também, a esses dourados livros de actos e actas que são a excelsa prosa e a prosápia de Relvas, Loureiro e respectivos apaniguados, porém a par, diferentemente, dos pesados exames aos (des)airosos diktats de Portas (dos quais tão cedo não se livrará o CDS-PP continental que Ribeiro e Castro, em desacordado português, acabou de fustigar)!





E todavia, de tudo isto, em paralelo ou congénere palco de fitas, comédias e dramas deste regime “democrático” – ao qual como da liberdade a que, menos linearmente e olhando de lado, dizia Sartre estarmos condenados... – felizmente talvez, parecem ter-se indo livrando a seu modo o PCP – com aquela (des)conhecida, proverbial e vigiada “superioridade moral dos comunistas” que Álvaro Cunhal paradigmaticamente teorizou e lhes procurou legar, apesar de algumas vicissitudes históricas e individuais de antigos camaradas e seus “compagnons de route” em nubladas rotas e pilotagens...) –, e bem assim os românticos “revolucionários” do BE e do Livre, e os abonáveis e eticamente inspirados animadores do PAN e do NÓS.

                                                                                                     Foto: Alfredo Cunha

– Nos Açores o panorama não será lá muito mais atraente nem promissor, e as últimas marés e travessias parlamentares, com muitas águas-vivas a boiar (à semelhança do que acontece nas nossas arquipelágicas águas e baías de veraneio...), persistem em revelar todos os impasses, desacertos e faltas de senso e consensos da Autonomia, cuja crise maior ainda virá de viagem, trazendo no bojo, para depois da “silly season”, derramares do leite e falências na lavoura; infestação e proliferação de buracos e ratazanas na saúde pública; divisão bairrista entre ilhas, câmaras de comércio e indústria; soltura anunciada nas cotas; miragens sobre as Lajes, portos e aeroportos, a alto e baixo custo; apertos e chacotas de Lisboa face aos incipientes arremedos de programas revitalizadores deste mundo e do que resta ou falta dos outros; profunda divisão no PSD-A (completamente à deriva e sem um único esteio de credibilidade histórico-política regional, depois das navalhadas que foram desferidas à cara e às costas de Mota Amaral), e logo numa altura de possível e exigente revisão constitucional; opções arriscadas, ou desperdiçadas, de candidaturas credíveis e consensuais no PS e no CDS-PP, etc., etc., – enquanto especialmente na Praia da Vitória o PS já vem traiçoeiramente trabalhando em suspiradas sucessões (afastamentos...), insinuantemente pondo e repondo mesa e arraial, pratos decorativos e pires de importação a correr à frente e ao lado do que resta, apesar de tudo, de um certo assomo (embora apenas pontual ou de fachada táctica...) do antigo prezamento e orgulho praienses, conquanto sempre malbaratado na arrogância gratuita, na mais retinta mediocridade institucional e numa enquistada ignorância político-histórica, cívica e cultural de bradar aos céus do Ramo Grande (cada vez mais surdos a tolices e devaneios, e cada vez mais vazios de aviões e viabilidades...)!

Enfim, a coroar todo este triste cenário, temos a global situação da Região, praticamente a todos os níveis a caminho de uma proximidade objectivamente análoga à da Grécia ou à de Porto Rico, quando não de uma africanização ou terceiro-mundismo regionalista, exactamente opostos, contrários e contraditórios a tudo aquilo com que os nossos primeiros e grandes Autonomistas um dia sonharam, numa generosa (ou utópica...) mistura de realismo, esperança de justiça e equidade para o desenvolvimento dos Açores e a possibilidade de uma vida progressivamente mais humana e digna para o nosso Povo, em todas as nove ilhas.

– Pese embora a carga de cepticismo e de pessimismo que de todo este aflitivo estado de coisas e de impasses realmente ressalta, a verdade é que um atento e aprofundado escrutínio às redes que a este nível nos rodeiam, em vésperas de novos escrutínios, não nos deixa outra sensação que não esta, que nem sequer é exaustiva nem derradeira... 
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Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 11.07.2015):



























"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 10.07.2015):



























e Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2944: