sábado, setembro 12, 2015


As submissões da FCT
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Mário Santiago de Carvalho – professor catedrático de Filosofia na Universidade de Coimbra – publicou no “Expresso” (15.08.2015) um pertinente e fundamentado artigo onde são feitas críticas justificadas ao modo como “meia dúzia de estrangeiros incompetentes podem prejudicar para todo o sempre a investigação do nosso passado filosófico nacional”, referindo-se no seu justamente indignado testemunho à liminar (paradigmática?) eliminação/não elegibilidade com que foi despachado, pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), um Projecto do qual era o principal responsável, e que (envolvendo as Universidades de Coimbra, Lisboa, Beira Interior, Évora, Católica do Porto, Salamanca, Toulouse, Lovaina e Helsínquia...) visava trabalhar “O contributo da Filosofia Conimbricense para o Problema Mente/Corpo na Pré-modernidade (sécs. XVI-XVII)”, ou seja “o tributo sobretudo conimbricense sobre o problema pré-cartesiano hoje conhecido por Mind/Body”.


 – Ora de facto só algo da ordem das coisas absurdas, conhecimentos curtos e juízos míopes, com alguns pobres e ridículos “juízes” (sem esclarecimento em suas insciências...), poderiam ter chegado a tamanho despautério!


 Tem pois o nosso estimado colega e amigo toda a razão em considerar que os membros do dito painel “foram superficiais, enviesados e ignorantes”, e que, num indigno procedimento de submissão, provincianismo e embasbacamento, a própria FCT, “por ter caucionado uma avaliação que prejudica a inscrição de Portugal na História da Filosofia, deve ser responsabilizada por desrespeitar a Filosofia que se fez em Portugal e pelo contínuo, perigoso e malicioso recalcamento dessa produção nacional de cunho europeu”.


 – No que aos Açores (também) diz respeito, ou deveria dizer, apesar do permanente alheamento local e regional por estas coisas, ficará o tratamento maior deste tema para depois, nem que seja, ou fosse, para memória do P.e António Cordeiro, e por tudo o resto que por aí se esquece e ao Deus dará quase se perde, talvez apenas vivo nos olvidados brilhos e claustros de outrora, estantes da nossa História Insulana, perante a decadência do presente e a opacidade do futuro... 
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Em Jornal "Diário Insular" 
(Angra do Heroísmo, 12.09.2015):